• HOME Notícias
  • Argentina desvalorizará peso por menor déficit com Brasil

    IMPRIMIR

    3.11.2011

    Argentina desvalorizará peso por menor déficit com Brasil

    Gustavo Machado

    São Paulo - A situação político-econômica na Argentina começa a criar dúvidas sobre sua estabilidade monetária. Após a reeleição de Cristina Kirchner, governo e líderes da indústria brasileira comemoraram algumas alterações ministeriais que podem acontecer no segundo mandato da presidente eleita. No entanto, a medida expedida segunda-feira, de acordo com especialistas, pode dar início a uma série de decisões que querem aumentar a competitividade internacional da nação.

    O decreto barra a compra de dólares por argentinos sem justificativa. Embora não haja reflexos nas operações comerciais, o desestímulo ao acúmulo da divisa norte-americana por agentes alheios ao sistema financeiro facilitará o controle cambial. Sem um montante relevante de reservas internacionais, a saída de dólares, que alcançou US$ 22 bilhões neste ano, poderia causar problemas no balanço de pagamentos. Agora, a desvalorização forçada do peso se aproxima.

    Roberto Troster, conselheiro da Câmara de Comércio Argentino-Brasileira, entende que a moeda é um dos três principais fatores que influenciam a balança comercial daquele país. "Ela varia de acordo com taxa de câmbio, produtividade e crescimento econômico", explica. "Hoje, a Argentina cresce mais que o Brasil, e com a sua moeda desvalorizada, tende a ganhar força."

    O economista entende que, embora o Banco Central argentino proteja a moeda de uma sobrevalorização, é difícil controlar a cotação da divisa. "O valor do peso influencia o mercado nacional. E eles não estavam conseguindo controlá-lo", afirma.

    Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censo (Indec), a balança comercial argentina registra superávit de US$ 8,162 bilhões entre janeiro e setembro deste ano, enquanto que a corrente de comércio alcançou US$ 118,944 bilhões no período. No entanto, a relação com o maior parceiro comercial do país, o Brasil, é deficitária. Este fato é responsável pelas recentes rusgas entre os governos.

    De todo o comércio internacional argentino, o Brasil é responsável por 24,6%, apresentando saldo positivo no ano de US$ 6,631 bilhões. No sentido contrário, não se encontra a mesma relevância. A Argentina participa apenas de 8,2% do comércio tupiniquim, figurando como o terceiro maior parceiro, atrás de China e Estados Unidos.

    Troster afirma que os interesses de ambos os países geram conflitos, que ainda não podem ser solucionados. "Problemas no varejo sempre ocorrerão. Isso proporciona o barramento de produtos fabricados por aqui, como os calçados. Além de que existem regimes macroeconômicos diferentes", conclui.

    Apesar do objetivo de aumentar a competitividade dos produtos locais, Ivan Ramalho, ex-secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), acredita que a medida não será suficiente. "As variações cambiais não influenciam tão rapidamente o comércio internacional. O Brasil, que tem oscilações maiores, não apresentou alteração", explica.

    Segundo Ramalho, setores integrados, como o de trigo e o automotivo, são responsáveis pela estabilidade da corrente comercial nos patamares atuais. "O comércio está bastante consolidado. Hoje, o Mercosul, somando Brasil e Argentina, além de uma menor parte do Uruguai, é o quinto maior produtor de automóveis no mundo", diz.

    Balança Comercial Brasileira

    Na terça-feira, o Mdic divulgou a balança comercial para o mês de outubro. De acordo com o relatório, o periodo registrou superávit recorde de US$ 2,355 bilhões. O valor é o maior para um mês de outubro desde 2007. As exportações somaram US$ 22,140 bilhões e as importações US$ 19,785 em vinte dias úteis.

    No ano, o saldo da balança alcançou US$ 25,390 bilhões, resultado de US$ 212,139 bilhões em exportações e de US$ 186,749 bilhões em importações. Ramalho acredita que a corrente comercial se aproxima de US$ 500 bilhões. "Seguramente ultrapassaremos US$ 450 bilhões até o final de 2011", comemora.

    Fonte Internet: DCI, 03/11/11