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    7.11.2011

    V&M aponta prática de dumping chinês
    Por Eduardo Laguna e Marcos de Moura e Souza | De São Paulo e Belo Horizonte

    Importadores de aço e a Vallourec & Mannesmann (V&M) estão chegando à reta final de um embate envolvendo a entrada de tubos da China no país. O Departamento de Defesa Comercial (Decom) está finalizando seu parecer sobre a investigação de dumping solicitada pela V&M contra os tubos de aço carbono sem costura de até cinco polegadas vindos do país asiático.
    Na sequência, o documento será colocado à apreciação da Camex, que decidirá sobre a aplicação ou não de sobretaxa nas compras do produto. Há uma expectativa de que a definição seja conhecida até outubro, embora não exista um prazo estabelecido.
    A V&M também pediu ao governo a prorrogação de direito antidumping contra os tubos sem costura de até cinco polegadas da Romênia, cuja investigação aguarda um parecer final.
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    A investigação envolvendo a China começou em dezembro, mas a disputa entre as partes envolvidas para convencer o governo a atender seus interesses se intensificou com a proximidade de uma resolução. Os importadores se organizaram para contestar o processo em um grupo formado por Comexport, Sideraço, Mercante Tubos, Columbia Trading, Âmbar DLI e Cotia Trading. Representantes dessas empresas e da V&M apresentaram seus argumentos em audiência realizada na terça-feira na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara.
    "A Mannesmann se mostrou pouco preparada para responder nossos questionamentos", disse Renata Dantas, diretora comercial da Cotia responsável pela área de importação de produtos siderúrgicos.
    A posição dos importadores se centra nos impactos inflacionários das medidas de antidumping contra a China nos preços de produtos como veículos e combustíveis. Também citam que a capacidade produtiva da V&M é insuficiente para atender à demanda que surgirá com a exploração do pré-sal e os projetos de infraestrutura previstos para os próximos anos.
    No total, somando produtos de todas as dimensões e qualidades, o Brasil consumiu 444 mil toneladas de tubos sem costura no ano passado - entre 340 mil toneladas produzidas internamente e 104 mil toneladas importadas.
    No caso do tubo sem costura de até cinco polegadas, já é cobrada uma alíquota de importação de 16%. Mas o governo decidiu investigar as importações da China após constatar que o preço asiático - de US$ 983,47 por tonelada - era inferior em US$ 613,14 ao valor praticado no mercado americano, colocado como parâmero de "valor normal" de mercado na investigação. A diferença implica margem de dumping relativa de 62,3%.
    Junto com a entrada mais agressiva dos importados, a V&M teve suas margens de rentabilidade pressionadas e perdeu participação de mercado, um quadro que resultou em quedas na produção.
    Os importadores dizem que a V&M já opera com níveis de rentabilidade superiores a seus pares no mundo. Eles afirmam que a empresa perdeu participação de mercado em razão de uma política de preços abusivos e que os preços chineses estão perto da média praticada no mercado internacional.
    Flávio Roberto Silva de Azevedo, presidente do conselho da Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil, defendeu o caráter técnico dos pedidos de antidumping e negou que a intenção seja fechar o mercado. "Nós estamos dando aqui [ao inaugurar uma unidade em Minas] prova inconteste de que somos grandes amigos do mercado aberto. Estamos investindo R$ 5 bilhões numa empresa que se coloca na posição de exportadora", disse.

    Fonte Internet: Valor Econômico, 02/09/11