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    23.11.2011

           DIVERSIFICAR PARA CONTINUAR CRESCENDO


    Invasão chinesa, déficit na balança comercial, desindustrialização, competitividade da indústria brasileira, real valorizado. Temas e palavras que andam tirando o sono de boa parte dos empresários podem não representar tanto perigo quando se pensa em seus efeitos na economia brasileira. A opinião é do presidente da Associação Brasileira de Empresas de Comércio Exterior (Abece), Ivan Ramalho. Ele acredita que trabalhar pela redução da carga tributária e pela diversificação da pauta de exportações é uma saída para enfrentar o cenário de crise mundial e, de quebra, fortalecer o potencial das indústrias locais.

           Perfil

    Com uma passagem de 16 anos pelo governo federal, Ivan Ramalho atuou nos últimos anos como secretário do Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior. No início deste ano, deixou o governo e assumiu a presidência da Associação Brasileira de Empresas de Comércio Exterior (Abece). É economista e começou sua carreira no Banco do Brasil - chegando a presidir a carteira de comércio exterior da instituição. Foi presidente do conselho de orientação do Fundo Nacional de Desenvolvimento e coordenador das comissões bilaterais de monitoramento do comércio entre o Brasil e outros países da América do Sul.

           A vantagem de SC

    Em SC, o cenário é bastante positivo para o comércio exterior. Incentivos estaduais possibilitam uma descentralização, um deslocamento das importações para outros Estados que acabam sendo beneficiados, girando mais a economia. Um exemplo é que os portos viraram referência para empresas que não conseguiam mais escoar sua produção no Porto de Santos. Essas alternativas se tornam muito atraentes para os investidores. As estatísticas mostram que SC cresce tanto na importação quanto na exportação algo em torno de 20%. O Estado é também um grande exportador e acho que a tendência é de que continue crescendo.

           Não são só commodities

    Muitos falam também que somos dependentes das commodities, mas isso não é totalmente verdade. Sabemos que metade, das exportações é de produtos básicos e metade, de produtos industrializados. Nós temos uma pauta diversificada, e isso é uma coisa boa. No caso brasileiro, é ótimo termos tanto indústrias exportando quanto produtos básicos. As pessoas costumam criticar, apequenar a pauta brasileira, e isso é ruim. Eu acho muito bom que tenhamos essa visão, de que não há problemas em exportar commodities, porque temos capacidade de não depender somente das variações nesses produtos.

           Setores em crise

    Ivan reconhece que há segmentos, como a indústria de máquinas, a têxtil e a calçadista, que têm sofrido mais os impactos do crescimento das importações no País. Não há problemas na concessão de incentivos estaduais, até porque ela não é determinante nesta questão. Está, sim, muito mais vinculada à qualidade do produto e ao preço do que vem de fora, que é mais baixo e, portanto, mais atraente para o investidor. Somos solidários com esses setores, até porque esses são os que costumam fazer mais uso de mão de obra. Mas não existe razão alguma para generalizar. A importação cresce dentro de uma situação de normalidade no Brasil.

           Mito da importação

    O crescimento das importações em 2011 não é um sinal de en- fraquecimento da produção local. Estatísticas oficiais mostram que a exportação cresceu acima de 30% e a importação, acima de 28% neste ano. O Brasil está registrando um superávit primário maior do que em 2010. Hoje, 83% do que é importado são usados na produção industrial e apenas 17% são de bens de consumo. Sendo o Brasil uma das dez maiores economias, ainda é tímido em termos de importação de bens de consumo. Ao contrário do que analistas preveem, estamos muito bem e, até o final do ano, o Brasil deve ter uma corrente tanto de importação quanto de exportação, muito próxima aos US$ 500 bilhões. É praticamente certo que no primeiro semestre de 2012 romperemos essa barreira.

           Competitividade

    O volume de exportações de produtos manufaturados cresceu 20% neste ano. Essa é só uma das provas de que essa dependência das commodities que muitos alardeiam não é totalmente uma verdade. Para ganhar mais competitividade, não adianta rezar para que o dólar volte a subir diante do real. A gente também não pode esquecer que muitos produtos continuam sendo competitivos. Muitas vezes, as pessoas procuram dar uma conotação um pouco sombria e não querem ver que até mesmo a produção de manufaturados está crescendo. As pessoas só falam das commodities. No caso dos manufaturados, é muito difícil aumentar preço, então, o que aumentou foi o volume. Portanto, ainda estamos competitivos.


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    BRASIL X CHINA
    A relação comercial entre Brasil e China não é uma coisa ruim, uma dependência maléfica às empresas brasileiras. Os chineses podem ser bons parceiros, principalmente em tempos de crise. Anos atrás, se tivéssemos uma crise como essa que os Estados Unidos e os países europeus estão enfrentando, nós sofreríamos muito mais do que hoje. Temos que pensar na China como um bom exemplo para tirar lições do que pode ou não dar certo por aqui.

    EXPORTAÇÃO
    Devido à entrada de produtos intermediários, que servem como incremento para a indústria brasileira, a percepção que a gente tem é de que os industriais incorporaram a necessidade de comprar máquinas e insumos do exterior, para serem mais competitivos. A maioria das pessoas tenta ignorar o crescimento da exportação e quase sempre superdimen-siona a importação, quando na verdade é a própria indústria que está importando, e ajuda muitas indústrias a serem compe-titivas, como a indústria elétrica e eletrônica.

    Fonte Internet: Jornal A Noticia, 02/10/11