Evento realizado pela Câmara Árabe apresenta os resultados desde que o acordo de livre-comércio entrou em prática, além do potencial a ser destravado e dos desafios.
Por Marcos Carrieri
São Paulo – Quase oito anos após entrar em vigor, o acordo de livre comércio entre o Mercosul e o Egito levou a uma ampliação nas trocas comerciais entre os países do bloco e a nação do Norte da África, mas ainda não explorou todo o potencial previsto. Os setores que podem desfrutar deste crescimento e os desafios que ainda persistem foram alguns dos temas do “Café da manhã com associados – oportunidades de negócios com o acordo em vigor Mercosul – Egito”, organizado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, na sede da instituição, em São Paulo.
No evento, o cônsul comercial do Egito em São Paulo, Islam A. Taha, afirmou que o acordo incentivou o fortalecimento do intercâmbio comercial “em todas as áreas”, com aumento dos volumes negociados entre Egito e Mercosul. O bloco de livre comércio é formado por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia, e o acordo entrou em vigor em setembro de 2017.
Dentro do bloco, o Brasil é o principal parceiro comercial do Egito. Segundo os dados apresentados pelo cônsul, em 2023, o Brasil exportou US$ 2,3 bilhões ao Egito e importou US$ 490 milhões. Como comparação, em 2017, o Egito exportou US$ 155 milhões ao Brasil. Mesmo com esse incremento na corrente de comércio, Taha afirmou que há desafios que precisam ser superados para que essa parceria cresça para além das trocas comerciais e beneficie os investimentos.
“O volume de comércio não reflete o potencial que existe com o Mercosul. Pode existir uma cooperação em vários setores, como o agrícola”, disse Taha em referências a parcerias que podem ocorrer para ampliar a produtividade da lavoura no Egito.
Entre os desafios para os negócios, ele citou barreiras alfandegárias, burocracia no desembaraço de mercadorias, restrições que países impõem a importações de produtos para proteger suas indústrias, falta de conhecimento mútuo entre empresas e a falta de linhas aéreas e de navegação entre os países do Mercosul, especialmente o Brasil e o Egito. A embaixada do Egito em Brasília, disse Taha, está tentando estabelecer uma linha aérea direta entre os dois países.
Especialista em Regulação na Secretaria de Comércio Exterior – Departamento de Negociações Internacionais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) do Brasil, Rodolpho Vasconcellos apresentou aos cerca de 60 participantes do encontros, a maioria de empresas associadas à Câmara Árabe, os detalhes do acordo, quais os benefícios que oferece e como o exportador pode se beneficiar se souber as regras para produção e exportação. “O objetivo do acordo é promover ganhos de mercado, ampliar a competitividade dos produtos, diversificar os parceiros comerciais e acessar mercados do Oriente Médio e Norte da África a partir do Egito”, observou Vasconcellos.
Acordo gerou benefícios
Gerente de Inteligência de Mercado da Câmara Árabe, Marcus Vinicius apresentou o panorama da relação comercial entre Brasil e Egito, a evolução dos negócios desde o acordo e onde estão os potenciais. Desde que o acordo entrou em vigor, as exportações brasileiras de algodão subiram quase 600% e as de carnes industrializadas, mais de 550%. No sentido contrário, as vendas de plástico do tipo PVC subiram 764% e as de batatas congeladas, mais de 200%.
Embora o Brasil seja o 8º principal fornecedor ao Egito, suas vendas para o país árabe representam 5% de tudo o que o Egito compra no exterior e estão concentradas em produtos do agronegócio. No sentido contrário, o Egito é o 27º fornecedor do Brasil, com 2% de participação de mercado em produtos concentrados nos fertilizantes.
No evento, a analista de Projetos de Internacionalização da Câmara Árabe, Mariana Nunes, apresentou o Projeto Halal do Brasil, que promove no exterior alimentos e bebidas halal, que são aqueles que seguem as normas do Islã, feitos no Brasil. Além do projeto, apresentou a feira Food Africa, realizada no Egito e da qual o projeto participará neste ano.
Estiveram presentes no evento o secretário-geral e vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara Árabe, Mohamad Mourad, o diretor-tesoureiro Mohamad Abdouni Neto, e os diretores William Atui e Sami Roumieh.
Fonte Internet: Agência de Notícias Brasil-Árabe (ANBA), 18/06/2025