Brasil e Emirados: agronegócio precisa de parceria


AgriFuture Forum, organizado em São Paulo pela Embaixada dos Emirados Árabes Unidos, reuniu especialistas brasileiros e do país árabe para discutir como garantir produção de alimentos, segurança alimentar e sustentabilidade diante dos desafios globais.

Por Marcos Carrieri

São Paulo – Parcerias que complementem pesquisa e desenvolvimento, gerem produtividade e tragam investimentos são fundamentais para alcançar resultados que atendam à demanda global por alimentos, afirmaram nesta terça-feira (17) especialistas do setor que se reuniram no AgriFuture Forum. O evento, organizado em São Paulo pela Embaixada dos Emirados Árabes Unidos no Brasil, discutiu os desafios do setor nos próximos anos e as formas de enfrentá-los sem destruir o meio ambiente.

Presidente do Conselho de Administração do grupo de alimentos e bebidas Folders, nos Emirados, Saleh Abdullah Lootah afirmou que, apesar de ser um grande produtor de alimentos, o Brasil ainda não atingiu todo o seu potencial de produção para garantir a segurança alimentar de seus parceiros comerciais. “Brasil e Emirados podem trabalhar juntos para superar os desafios (de produção). Os Emirados importam alimentos, precisam de parceiros e o Brasil pode ser um grande parceiro”, disse Lootah no painel “Agricultura e segurança alimentar”.

No mesmo debate, o subsecretário assistente de Diversidade Alimentar do Ministério de Mudanças Climáticas e Meio Ambiente dos Emirados, Mohamed Salman Alhammadi, afirmou que os Emirados hoje importam 80% dos alimentos que consomem e têm a meta de reduzir as compras para 50% do seu consumo até 2051, com o aumento da produção em seu território. Para superar os desafios que o clima coloca ao seu país, disse, os Emirados têm investido em tecnologia, como as fazendas verticais, com produtividade cem vezes maior do que a lavoura tradicional.

Representantes brasileiros no painel, o diretor de Promoção Comercial e Investimentos do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Marcel Moreira, e o coordenador de Recuperação de Áreas Degradas e Reflorestamento do Mapa, Rodrigo Lopes de Almeida, lembraram que o Brasil tem uma rígida legislação ambiental, porém tem espaço e oportunidades para ampliar sua terra agricultável sem desmatar áreas de vegetação.

O território brasileiro, disseram, tem cerca de 100 milhões de hectares de pastagens degradas, dos quais 40 milhões de hectares, se recuperados, podem atingir elevados índices de produtividade. Esse é um programa do governo federal e envolve outros ministérios além do Mapa. “É possível dobrar a produção agrícola do Brasil sem desmatar, usando essas áreas. Todavia, precisamos de parceiros”, disse Moreira, lembrando que neste ano o Ministério da Fazenda deverá liberar R$ 1 bilhão para recuperação de pastagens. Lopes disse que o Mapa está mapeando todas as áreas, para, em seguida, buscar investimentos. “O Brasil pode ser provedor de segurança alimentar, mas, com parcerias, podemos ser um produtor ainda mais robusto”, disse.

Trabalho depende de academia, governos e empresas

O segundo painel do encontro, intitulado “A importância da pesquisa e desenvolvimento em sustentar a agricultura e sistemas alimentares” foi dedicado a avaliar como empresas, governos e a academia podem trabalhar juntos para encontrar soluções para os desafios da agricultura e do meio ambiente.

Reitor interino da Faculdade de Agricultura e Medicina Veterinária da Universidade dos Emirados Árabes Unidos (UAEU), Mohammed Abdul Mohsen Al-Yafi disse que haverá muitas transformações na agricultura nos próximos 50 anos e que talvez soluções que hoje sejam úteis, como o emprego de alimentos geneticamente modificados, talvez não sejam suficientes num futuro próximo.

Neste painel, os participantes também disseram que tecnologia, novas variedades de frutas e verduras serão fundamentais para garantir a produção de alimentos no futuro. As variedades de soja que hoje existem, disseram, talvez não sobrevivam às mudanças climáticas.

Diretor-executivo interino de Desenvolvimento e Inovação da Autoridade de Agricultura e Segurança Alimentar de Abu Dhabi, Aref Abdul Wahid Clinter disse que é preciso partilhar os conhecimentos que já existem, mas um problema que já se faz presente nos Emirados é a propriedade o registro de patentes, pois tanto pesquisadores como governos e empresas advogam a propriedade de tecnologias e soluções para os desafios no campo.

Desse encontro participou também a head de Meio Ambiente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Paula Packer. Ela apontou como desafios a sustentabilidade na agricultura, a bioeconomia, que é a produção sustentável de energia, alimentos, materiais e produtos químicos, e a recuperação de pastagens.

Empresas brasileiras e dos Emirados fabricantes de proteína animal e frutas também apresentaram seus produtos e processos no encontro. Após o fórum, uma rodada de negócios foi realizada entre empresas brasileiras e árabes. Do evento participaram, também, o secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Julio Ramos, o integrante do Conselho de Orientação e ex-presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun, os diretores de Relações Institucionais e Novos Negócios da Câmara Árabe, Fernanda Baltazar e Estevão Carvalho, respectivamente, o presidente da certificadora Fambras Halal, Mohamed Zoghbi, e o chefe do escritório da Dubai Chambers no Brasil, João Paulo Paixão.

Fonte Internet: Agência de Notícias Brasil-Árabe,17/09/2024

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Associação Brasileira de Empresas de Comércio Exterior

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