Sócio da BMJ Consultores Associados, Welber Barral avalia que aumento de impostos de importação irão acelerar acordos bilaterais. Maior parte dos árabes e Brasil foram taxados em 10%. Argélia, Tunísia, Líbia, Iraque, Síria e Jordânia terão impacto maior.
Por Marcos Carrieri
São Paulo – As tarifas de importação anunciadas no começo de abril pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deverão incentivar e acelerar a celebração de acordos de livre comércio, entre os quais aqueles que envolvem o Mercosul, união aduaneira formada por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Por outro lado, na avaliação do sócio da BMJ Consultores Associados, Welber Barral, um benefício direto do comércio entre Brasil e países árabes só aconteceria se algum desses países decidisse retaliar os norte-americanos, o que é improvável.
“Os Estados Unidos são praticamente 25% do comércio mundial. Então, você tem um impacto muito grande no mundo inteiro. Basicamente, aumenta o protecionismo, aumenta a insegurança, aumenta a instabilidade, e, claro, atinge muito a confiabilidade dos Estados Unidos como parceiro comercial”, afirma Barral.
Na avaliação do especialista, uma nova rodada de acordos de livre comércio pode ocorrer, como forma de se encontrar rotas com menos ou nenhuma taxa a produtos afetados pelas decisões de Trump. “Essa atuação dos Estados Unidos fez com que vários países procurassem alternativas comerciais e voltassem a negociar acordos de livre comércio. Então, é uma chance de que o acordo Mercosul-União Europeia avance. Há uma expectativa de que Mercosul-Emirados Árabes [Unidos] seja concluído rapidamente e, além disso, países como Canadá e México voltaram a ter interesse num acordo com o Mercosul”, diz, em referência ao acordo que já está sendo discutido com os Emirados Árabes.
As medidas de Trump impõem uma taxa de 10% sobre os produtos de qualquer país que entrem no mercado norte-americano. Além desta taxa, os produtos de alguns países sofrerão um imposto maior. Entre os árabes, receberão impostos acima desse percentual Argélia (30%), Tunísia (28%), Líbia (31%), Iraque (39%), Síria (41%) e Jordânia (20%). Por outro lado, nem todos os produtos pagarão o imposto base. Haverá reduções e até isenções em alguns casos. Petróleo e derivados, por exemplo, poderão ser beneficiados com impostos menores.
O anúncio do aumento das tarifas foi feito pela Casa Branca em 2 de abril. Uma semana depois, Trump afirmou que irá manter as tarifas em 10% por 90 dias, com exceção da China, taxada em 125% na ocasião. As tarifas ao país asiático, que retaliou os EUA, subiriam ainda a 145% nos dias seguintes. Desde então, Estados Unidos e os países afetados pelas medidas negociam os novos passos do comércio.
Fonte Internet: Agência de Notícias Brasil-Árabe (ANBA), 25/04/2025